RESUMO - “TRISTE, LOUCA OU MÁ”: REFLEXÕES EM TORNO DE MULHERES TRANSGRESSORAS NA PÓS-GRADUAÇÃO

Maria Carolina Xavier da Costa
Instituto Federal do Rio Grande do Norte

c.xavier@escolar.ifrn.edu.br

 

Ana Cristina Santos Costa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

acristinasc@gmail.com

 

Larissa Maia de Souza

Instituto Federal do Rio Grande do Norte

larissamaiadesouza@bol.com.br

 

Avelino Aldo de Lima Neto

Instituto Federal do Rio Grande do Norte

ave.neto@gmail.com

 

 

Resumo 

O presente texto é resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Especialização em Educação de Jovens e Adultos no Contexto da Diversidade, ofertada pelo Campus Canguaretama do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). A investigação também está inserida em um projeto financiado pelo CNPq e intitulado Corpo, gênero e sexualidade na Educação Profissional: cenários epistemológicos e subjetivos. A pesquisa objetivou compreender como determinados discursos classificam mulheres estudantes de pós-graduação como transgressoras de papéis de gênero. A metodologia da pesquisa segue a abordagem qualitativa. Foi feito o estado da arte, a revisão bibliográfica, análise das leis da EP, do Projeto Político Pedagógico (PPP) do IFRN e do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) da Especialização. Recorremos ao grupo focal para compreender as vivências de quatro mulheres estudantes da Especialização em EJA no Contexto da Diversidade. Para analisar, as entrevistas fizemos uma leitura discursiva com inspiração foucaultiana. O corpus foi constituído por documentos, imagens, música e entrevista. Utilizamos a letra e cenas do clipe Triste, Louca ou má, de Francisco, El Hombre enquanto estratégia metodológica e recurso de construção textual. Como resultado, concluímos que os discursos perpassam e se repetem ao longo da história, reconfigurando-se no decorrer das décadas, sendo as mulheres protagonistas de atos de transgressão das normas do patriarcado. Nossas entrevistadas mostraram ser transgressoras quando se opõem e se posicionam frente aos discursos da sociedade, como exemplo, ao sair de casa para morar sozinha, ao se divorciar, ou voltar a estudar. Por saírem do padrão são vistas como tristes, loucas ou más. Com as entrevistadas pudemos diagnosticar que não é fácil para uma mulher cursar uma pós- graduação. O cansaço e a dificuldade para dar conta de uma tripla jornada foram identificados, o que reflete em seus corpos e no desempenho acadêmico. Isso nos levou a pensar sobre como é importante para as instituições educativas ficarem atentas aos corpos de suas discentes e elaborar estratégias de planejamento e organização curricular promotoras de uma formação humana integral. Por fim, entendemos que as mulheres que resistem são aquelas que aceitam que tudo deve mudar, porque um homem, o seu corpo e sua casa não as definem. Elas desatam os nós, queimam o mapa, reinventam a vida e rejeitam a tão comum receita cultural. Ser Tristes, loucas ou más não é visto aqui como algo ruim, enxergamos isso como prática de sujeitos revolucionários. De mulheres transgressoras do modus vivendi que o patriarcado tentou a todo custo lhes impor.

Palavras-chave: mulheres. pós-graduação. Educação Profissional.

Comentários

  1. Boa noite, Maria Carolina!
    É muito interessante a perspectiva colocada sob o termo "transgressão" em seu trabalho. De modo que, por meio do resumo, para além de ressaltá-la enquanto um processo de luta pela liberdade, aparentemente, você também aborda uma relação de causa-consequência nas vidas dessas mulheres, de modo que até seus corpos se afetam pelo peso desse processo. Nesse sentido, seria possível estabelecer pesos e medidas sobre essas atitudes transgressoras nas vidas dessas mulheres? É possível colocarmos na balança os ônus e os bônus desse processo?
    Att, Rhayara Lira, coordenadora do ST4

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  2. É considerada "triste, louca ou má", qualquer mulher que se comporte fora dos "padrões socialmente aceitos/impostos ao feminino". Esse trabalho é provocativo pelas metáforas assumidas para a narrativa (usar a música - a arte que remeteria às expressões mais leves, para nos deslocar) para tratar de aspectos que geram dor aos corpos das mulheres. O que está em tela é o peso (as consequências) das cargas assumidas pelas mulheres no "cuidado", mas que não considera o "cuidado de si". Como extrapolar esse modelo (im)posto e possibilitar maior equidade às mulheres (estudantes, no caso em tela)?

    "só mesmo rejeita
    bem conhecida receita
    quem não sem dores
    aceita que tudo deve mudar"

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