RESUMO - A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM TEMPOS DE PANDEMIA: VOZES DE PÓS- GRADUANDOS

Antonio Leoni dos Santos Junior
Instituto Federal do Rio Grande do Norte

leoni_jr@hotmail.com

 

Ilane Ferreira Cavalcante

Instituto Federal do Rio Grande do Norte

ilanecfc@gmail.com

 

 

Resumo 

A perspectiva de gênero na produção do conhecimento científico começa a ganhar maior destaque no campo epistemológico das ciências sociais. Os obstáculos ao longo do percurso, como afazeres domésticos e cuidados com filhos e idosos, incidem na baixa representatividade feminina na ciência e em posições de prestígio e poder (ALBORNOZ et al, 2018). Do mesmo modo, a pandemia da Covid-19 está ampliando o abismo da desigualdade na produção científica. Diante do cenário, o presente estudo propõe compreender o impacto da pandemia na produtividade acadêmico-científica de estudantes de pós-graduação no Brasil. O acesso a uma pós-graduação no país ainda é pequeno, embora tenha crescido muito nas últimas décadas. Os dados oriundos da Plataforma Sucupira, que congrega informações de todos os cursos e programas de pós-graduação do país, indicam que, no ano de 2017, último ano de coleta até se completar novo quadriênio, havia o registro de 375.468 discentes matriculados em 458 Programas de Pós-graduação no Brasil. Esse público precisa produzir conhecimento com um agravante: um prazo determinado pela Capes. Em 2020, com a pandemia, que escancarou a desigualdade (BUTLER, 2020), principalmente nos países periféricos, o que fizeram esses pós-graduandos? Continuaram a produzir? Em que condições? Essas são algumas das questões que moveram essa pesquisa. Para buscar respostas e alcançar o objetivo, foi elaborado um questionário semiestruturado no Google forms, aplicado ao público de pós-graduandos por meio de grupos e disseminação em redes sociais. Um total de 32 respostas trouxe alguns resultados possíveis. As respostas (ainda que de uma minoria desse público) permitem a constituição de uma visão parcial de sua vivência. A maioria dos respondentes (75%) se autodeclarou feminino. A maioria também se declarou branca (43,8%) ou parda (43,8%) e (56,3%) informou ser responsável pelo cuidado com filhos. Além dos dados quantitativos, as respostas às questões subjetivas exigiram a aplicação da Análise Textual Discursiva de Moraes e Galiazzi (2016) com categorias definidas a partir da recorrência às respostas. Foram definidas três grandes categorias de análise: pós-graduação e trabalho; aspectos positivos e aspectos negativos da vivência na pandemia; impactos na produção acadêmica. O quadro geral apresentado informa que a pós-graduação ainda é um espaço restrito, com presença de poucos negros, que há uma presença significativa de mulheres e que esses indivíduos precisaram se desdobrar entre os cuidados com filhos e com as atividades da pós-graduação. Entre as respostas subjetivas, ficou evidente o impacto negativo que a pandemia trouxe para a sua produção, inclusive com adoecimento físico e emocional e com um percentual significativo de estudantes que teve de conciliar o trabalho remoto, as atividades domésticas e os estudos.

Palavras-chave: Produção do conhecimento. Pós-graduação e pandemia. Pós-graduação e trabalho.

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