RESUMO - PERFORMANCES E POÉTICAS DO CORPO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Heloísa de Souza Rocha
Instituto Federal de Minas Gerais
Luciana Baêta Silva
Instituto Federal de Minas Gerais
Marie Luce Tavares
Instituto Federal de Minas Gerais
Mônica de Freitas
Instituto Federal de Minas Gerais
Paloma Fernanda Sabino Tavares
Instituto Federal de Minas Gerais
palomafernandastavares@gmail.com
Resumo
Este projeto nasceu no chão da escola, ao observarmos esse espaço profundamente modificado por estudantes que, em 2019, idealizaram um coletivo de mulheres, auto-organizado, composto por alunas, professoras e servidoras que buscavam ocupar e construir seu lugar, reivindicando os direitos e as demandas das mulheres. A criação do Coletivo Matricarias no IFMG - Campus Ouro Branco realizou uma mudança significativa na abordagem à questão de gênero, tensionada no ambiente acadêmico do instituto, especialmente, pela forma de ação do grupo: intervenções artísticas por meio da música, da poesia e da dança, além de oficinas, palestras e rodas de conversa dentro e fora do ambiente escolar, envolvendo mulheres num círculo em que a arte é instrumento de luta e de cura. A partir desses processos e na interação com os debates propostos pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidade (NEPGRES), houve a necessidade de pesquisar o tema mais profundamente, estabelecendo critérios de análise e observação, não apenas dos processos de criação, como também da recepção das performances artísticas criadas. Em, 2020, o projeto Performances e poéticas do corpo: mulheres em versos tem se voltado para o estudo de conceitos como o feminismo, a interseccionalidade, a performance e a poesia. Como são conceitos complexos, a prática artística se apresentaria como ferramenta cognitiva de uma aprendizagem a partir do corpo e da experiência da recepção. Com a incidência da pandemia COVID19 e com o isolamento social, o projeto foi impactado pela ausência do corpo físico e os encontros têm sido mediados por tecnologias que nos aproximam e distanciam. Entre perdas e ganhos, a pesquisa voltou-se para esses novos contextos de produção das performances desses “corpos poéticos” em cena digital. Nesse sentido, o projeto realizou encontros com performers e coletivos que têm também repensado sua prática artística. Além disso, coube-nos analisar a própria prática artística do Coletivo Matricarias e os processos de compreensão da performance em outro contexto de produção. Do isolamento, surgiram outras formas de compreensão do feminino, num olhar para os interiores e o espaço privado. A performance dos corpos em telas digitais realizou-se na proximidade dessas mulheres que, juntas, pensam suas trajetórias, influências e inspirações, não apenas em processos artísticos autorais de poesia e fotografia, como também na análise de músicas, pinturas e performances de diversas artistas que fazem parte da construção identitária das componentes do Coletivo. Entre versos e canções, pinturas e fotografias, há a busca da construção de uma poética coletiva em tempos de pandemia, como forma de resistência e cura.
Primeiramente, gostaria de parabenizá-les pelo trabalho! Minha questão é sobre quais são os diálogos que o corpo realiza com as narrativas poéticas e como essas foram transformadas pela/na pandemia?
ResponderExcluirAo analisarmos o coletivo Matricarias e produções poéticas semelhantes, percebemos como na poesia e na arte se refletem os diversos atravessamentos dos corpos que as compõe, corpos esses que se tornam, inclusive, uma ferramenta poética, carregados de vida, história e potência. Nosso trabalho se volta para a poesia, não estudamos narrativas. Com a pandemia houve uma mudança completa na forma de produção do coletivo, antes a produção era feita coletiva e presencialmente, cheia de contatos e trocas. No artigo corpo-vetor e corpo-utópico, Daniela Lima pontua: "Em Le corps utopique, Foucalt diz que é o toque do outro que faz com que o corpo exista fora das utopias[...]" e estamos formas de produzir/compreender as poéticas do corpo em suportes mediados não mais pela presença física.
ExcluirFelicitações pela iniciativa! Qual o referencial teórico que o grupo tem utilizado para aprofundamento da pesquisa e para as análises ?
ResponderExcluirO grupo tem se referenciado nos autores Stela Fischer, Ludmila de Almeida Castanheira, Armando F. Pinho e João Manuel de Oliveira para analisar os processos das performances, as autoras Helena Hirata e Karla Akotirene para o estudo dos temas presentes nos debates propostos pelo NEPGRES, além de Michel Foucault e Daniela Lima no estudo dos corpos.
ExcluirNossa pesquisa se volta para o Coletivo Matricarias, que atua na cidade de Ouro Branco, e faz diversos trabalhos. Para saber um pouco mais sobre o coletivo você pode nos acompanhar pelo Instagram: @coletivomatricarias.
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