RESUMO - “MULHERES ESCANDALOSAS”: MULHERES POBRES E EMPREGADAS DOMÉSTICAS NA FALA DOS OUTROS

Maria de Fátima da Rocha
Instituto Federal do Rio Grande do Norte

rochafatima22@gmail.com

 

Ana Lúcia da Silva

Instituto Federal do Rio Grande do Norte

analuciasilva883@gmail.com

 

 

Resumo 

Resumo: O presente trabalho tem como objeto de estudo a circulação midiática de brigas, agressões e desentendimentos nos quais estavam envolvidas mulheres pobres, em geral, empregadas domésticas. Tais eventos foram retratados como escândalos para a sociedade, publicados em notícias de jornais do Diário de Natal nos anos 1960. O interesse no assunto, enquanto discentes da Licenciatura em Educação do Campo, emergiu da discussão de algumas pesquisas acadêmicas sobre a condição feminina e as formas de representar mulheres das camadas populares na imprensa do século XX. O jornal Diário de Natal se tornou a principal fonte para nosso estudo. Foram consultadas diversas edições disponíveis por meio digital no site da Biblioteca Nacional. A pesquisa teve início com o projeto intitulado “Mulheres e famílias na imprensa potiguar em meados do século XX: alteridades e (in) visibilidades”, estando em andamento no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (Campus Canguaretama). Para atingir os objetivos foram produzidas fichas bibliográficas e catalográficas, buscando um levantamento de informações e interpretações sobre as publicações dos espaços de atuação feminina, em específico as empregas domésticas, no decorrer dos anos 60. Foi utilizada uma abordagem de caráter exploratório descritivo, com análises e comparações sobre o tema. Com o estudo e análise de notícias e imagens, foi perceptível que o mercado de trabalho feminino era restrito e sofria vários preconceitos, e as publicações acerca das empregadas domésticas como pessoas que causavam escândalos em via pública nos aguçaram a criticidade e curiosidade sobre o tema, visto que forjavam uma associação entre essas mulheres e a falta de civilidade ou “bons modos”. As contínuas notícias sobre os “escândalos” expunham muitas mulheres trabalhadoras, insistindo na construção de violência e indecência como algo que definia as mulheres pobres, cristalizando muitos preconceitos raciais e de classe. Na fala dos outros (patrões, empregadores, polícia e imprensa) as empregadas causavam tumultos, mostrando um comportamento condenado pela sociedade. Mas o seu trabalho, as suas condições de moradia e suas experiências eram invisibilizados. Ao estudar o tema é possível constatar como é perceptível a desvalorização e invisibilidade das empregadas domésticas, ligadas e comparadas à imagem de violência, evidenciando assim um processo de precarização do trabalho feminino no Brasil. Espera-se com este estudo refletir sobre os direitos das mulheres, debatendo as condições históricas do trabalho feminino e, principalmente, entender a vulnerabilidade das empregas domésticas.

Palavras-chave: Empregadas Domésticas. Invisibilidade. Descriminação.

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