RESUMO - MEMÓRIAS DO CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE EM NARRATIVAS DE ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Natasha Mendonça Nogueira
Instituto Federal do Pará

nogueira.natasha@hotmail.com

 

Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti

Instituto Federal do Pará

natibarros1@yahoo.com.br

 

 

Resumo 

O presente resumo tem como objetivo dar visibilidade às narrativas de estudantes LGBTQI+ no contexto da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), particularmente suas percepções e memórias sobre a vivência no ambiente escolar, apresentadas em curtas metragens que tematizaram os estereótipos, preconceitos e desafios enfrentados dentro do IFPA-Campus Belém. Metodologicamente, a primeira fase deste estudo foi baseada na escolha de um material audiovisual que consistiu em três curtas-metragens: “Histórias silenciadas: um debate sobre o território da transexualidade no IFPA Belém”; “Sexualidade e Estigmatização”; e “É proibido minissaias”, produzidos por estudantes do curso de Licenciatura em Geografia do IFPA- Campus Belém no contexto da disciplina Ética e Cultura Profissional. Estes curtas abordam as memórias das minorias políticas considerando seus depoimentos quanto ao corpo, gênero e sexualidade que perpassam suas vivências e relações dentro da EPT. Na segunda fase foi realizada a transcrição das falas dos alunos e alunas que se identificam como trans, gays, lésbicas e bissexuais que frequentam os diversos espaços do IFPA- Campus Belém. E por fim, na terceira fase foi realizada a análise dos depoimentos destes(as) estudantes a partir das suas percepções e relatos quanto às questões da identidade, acolhimento, respeito, liberdade e cidadania no contexto educacional. São lançados aqui alguns trechos dos relatos dos discentes que protagonizaram os curtas, dentre eles: “Eu acredito que o dever da escola é acolher, promover conhecimento científico e espaços de lazer e respeito para os seus alunos”; “Eu vejo que a gente tem pouca fala sobre o que é ser trans, sobre o transgênero, digamos assim sobre a comunidade LGBT em si, entende?”; “Eu já sofri muito preconceito fui julgado fui agredido verbalmente e fisicamente, mas quando eu comecei a me entender e aceitar eu decidi que ninguém mais iria fazer isso comigo”; “ A mulher se sente oprimida por não usar uma blusa transparente e decotada, uma saia ou um short, em que medidas as roupas que eu uso interfere no processo de ensino e aprendizagem?”. No contexto geral dos três curtas aqui apresentados, a instituição educacional, mostra-se como escola-polícia, escola-igreja, escola-tribunal, orientada pelo poder centrado na disciplina dos corpos e na regulação dos prazeres, segundo Peres (2009); por outro lado, Melo (2016) aponta uma solução, dizendo que a educação é um instrumento capaz de minimizar os efeitos das ações de homofobia, desigualdades, patriarcalismo, machismo, que são excludentes e desumanas e que uma sociedade tolerante, humanizadora e democrática só pode ser constituída através de práticas pedagógicas que são facilitadoras de discussões no processo de ensino e aprendizagem e que acolhem opiniões diferentes acerca da diversidade humana. Deste modo, é fundamental destacar que o material audiovisual produzido por esses discentes seria uma das possibilidades de recurso didático a ser aplicado na prática pedagógica com o objetivo de proporcionar visibilidade e reconhecimento das memórias e vozes da juventude LGBTQI+ no contexto educacional.

Palavras-chave: Educação Profissional. Memórias. Corpo. Gênero. Sexualidade.

Comentários

  1. Excelente!!!! O relato dos discentes mostra que ainda existe um longo caminho a percorrer para que a escola seja um espaço que acolhe e respeita a diversidade. Trabalhos como esse contribuem nesse sentido.

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    1. Exatamente! Concordo com você, ainda falta muito, mas estamos caminhando para isso e discussões como essa é extremamente importante para esse processo. 👏🏼👏🏼

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  2. Um debate tão importante quanto necessário dentro das academias e escolas do nosso país. Tão longe estamos da igualdade social entre gêneros e das políticas públicas de direito a cidadania que empodere e assegure esses grupos! Precisamos lutar e nos posicionar mesmo. Adorei o trabalho de vocês, espero que mais discussões e iniciativas como esta apareçam cada vez mais e que além de mostrar os diversos contrastes sociais que padronizam ou elegem determinada classe em detrimento de uma outra, nos ensine o caminho para acabarmos com essas divergências entre classe e gênero. Porque nunca na história da humanidade fomos e nem tão pouco somos binários! Obrigada por expor o trabalho de vocês, Parabéns!!

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  3. Fico extremamente feliz em saber que outrxs, assim como eu preocupa-se com essas questões, uma vez que vemos o tempo todo diversas tentativas e concessões de docilização dos corpos.
    É preciso atentarmos para isso, só assim será possível lutamos contra as opressões. 👏🏼👏🏼👏🏼

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  4. Parabéns pela ação realizada! As violências dentro do ambiente escolar, muitas vezes, são provocadas pelos próprios responsáveis no processo educacional. Como poderia ser feita uma sensibilização desses atores para que iniciativas como a proposta pelo trabalho possam ser implementadas?

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  5. Bom dia Ana Cláudia Aragão e demais colegas! Sou a autora deste trabalho junto com a professora Natália Cavalcanti. Fico feliz e agradeço pela participação de vocês nesta discussão assíncrona que esta sendo produtiva e significativa, pois a intenção deste resumo é justamente dar voz e visibilidade as minorias políticas que cotidianamente lutam pela conquista de seus direitos, reconhecimento, respeito e espaço em especial no contexto educacional.

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  6. Quanto a questão supracitada, uma das possibilidades de sensibilização no processo educacional que poderia ser trabalhada é a formação continuada, pois a formação profissional deve ser voltada tanto à preparação técnica quanto humana dos docentes.
    A capacitação para formar profissionais críticos, libertadores e criadores de discussões pode ser estimulada por meio de atividades como rodas de conversas, oficinas, minicursos e palestras, dentre outras que também exponha questões sobre corpo, gênero e sexualidade.
    Além disso, nessas atividades pode ser pensada a discussão junto aos professores(as) sobre a cultura de valores voltada à cidadania, integridade, solidariedade, ética e pessoalidade com a finalidade de refletir sobre o significado e o sentido desses valores para a construção das relações interpessoais positivas na sala de aula, como também em outros espaços da escola.
    A partir disso, os docentes preparados refletem sobre a sua prática pedagógica na sala de aula e assim, buscam propostas de intervenção no combate às violências dentro do ambiente escolar e também para dar voz as vítimas dessa violência. Essas são algumas reflexões quanto ao que pode ser feito para sensibilizar estes atores que fazem parte do processo educacional.

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  7. Eu, enquanto parte do grupo LGBTQIA+, me sinto extremamente feliz vendo temáticas como essa e lendo trabalhos que buscam dar visibilidade àqueles que tanto carregam marcas de preconceitos e discriminação ao longo de todo o processo de vivência em sociedade, pelo simples fato de não se encaixar em determinados padrões impostos e construídos por uma sociedade que, na sua maior parte, é composta por pessoas preconceituosas e intolerantes. Parabéns pelo trabalho de vocês
    !

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  8. Parabéns, Natasha e Natália! Trabalhos de pesquisa como estes são possibilidades potentes de visibilidade, respeito e repercussões nas políticas educacionais e sociais.

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  9. Trabalho tão fantástico quanto necessário. Alguns dos títulos me fazem pensar no conceito de Estigma social do soci[ologo e antropólogo canadense Goffman.

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