RESUMO - MAGISTÉRIO FEMININO NA ESCOLA DE APRENDIZES E ARTÍFICES DO RIO GRANDE DO NORTE

Francinaide de Lima Silva Nascimento 
Instituto Federal do Rio Grande do Norte


Rafaela Caroline Alves

Instituto Federal do Rio Grande do Norte

 

 

Resumo 

O conhecimento sobre a formação profissional da professora primária e sua atuação ainda é insuficiente, principalmente no que tange à Educação Profissional. Que relações de conflito se estabeleciam no espaço de sociabilidade que é a instituição escolar? O que reivindicavam as mulheres professoras? Como se dava a partilha entre os polos feminino e masculino nessa configuração? No início do século XX assistimos à uma reapropriação de uma questão antiga: os papéis sexuais de homens e mulheres entre o público e o privado. Neste contexto, a escola emerge também como cenário de disputas. Professores e professoras, homens e mulheres, agentes públicos regulados pelo Estado. No Rio Grande do Norte, as professoras normalistas estavam em diferentes espaços de atuação profissional. O magistério transformou-se em trabalho de mulheres. Foi também neste contexto que o primeiro corpo de funcionários da Escola de Aprendizes e Artífices contou com a professora primária Maria do Carmo Torres Navarro. O quadro institucional era composto também por Sebastião Fernandes de Oliveira, na condição de Diretor, Ezequias Pegado Cortez, escriturário, além de mestres de oficinas e porteiros. A referida professora, solteira, aos 21 anos foi nomeada para o curso primário em 24 de dezembro de 1909. Tomou posse em 15 de janeiro de 1910, quando entrou em exercício. Foi somente em 1912 que a segunda professora primária da instituição foi registrada no Livro de Pessoal (1911). Maria Abigail Furtado de Mendonça, então com 18 anos, era também solteira e foi nomeada como adjunta de professora do curso primário. No primeiro semestre daquele ano, o escriturário Ezequias Pegado Cortez redigiu os termos de posse de Maria Abigail Furtado de Mendonça e Raimundo Hostílio Dantas, contratados para dar suporte aos professores Maria do Carmo Torres Navarro e Abel Juvino Paes Barreto, professor de Desenho. Aos homens cabia a direção das instituições, a inspeção do ensino, legislar e escrever sobre o movimento educacional. Às mulheres, a sala de aula. Esse reflexo da divisão sexual do trabalho é visível no histórico de diretores da Escola de Aprendizes Artífices constituída por homens: Sebastião Fernandes de Oliveira (1909-1915), Silvino Bezerra Neto (1916-1918), Alcides Feijó Raupp (1927-1930) e Floriano Cavalcante de Albuquerque (1930). A inserção das mulheres professoras nas instituições continuava. No dia 25 de maio de 1923, a professora Celina Torres Navarro, solteira, foi nomeada para o cargo de Adjunta de Professora do Curso Primário. Em 26 de junho de 1926 ocorreu a nomeação da professora Maria do Carmo Cavalcanti, 22 anos, solteira. Na década de 1930 foram contratadas as professoras: Maria Rosa Ribas Marinho, solteira, com registro de nomeação no dia 24 de abril de 1933; Maria Angelita Marinho, 24 anos, inicialmente para o cargo de Adjunta de Professora do Curso Primário, firmando-se como professora de Geografia e História do Brasil; Ruth Marinho Souto, viúva, 34 anos, nomeada em 9 de fevereiro de 1935, como Adjunta do Curso Primário, posteriormente, assumiu a disciplina de Português; Maria de Lourdes Torres, solteira, nomeada em 1º de abril de 1936. Convém observar o fato de essas professoras serem solteiras e viúvas. Até esse período não localizamos registros de que fossem casadas no ato da nomeação. Se o celibato pedagógico também era uma exigência para elas, não nos foi possível confirmar. Nesse contexto, o trabalho fora de casa era concebido como ocupação transitória, a qual deveria ser abandonada sempre que se impusesse a verdadeira missão feminina de esposa e mãe.

Palavras-chave: História da Educação Profissional. Magistério Primário. Instituições Educativas. Gênero.

Comentários

  1. O trabalho de vocês abre um grande leque de possibilidades, como por exemplo uma ponte relativamente à forma como eram entendidas as normalistas na referida época e o modo como se estabelece um padrão específico de gênero para a docência a nível primário na contemporaneidade. É um campo de pesquisa extremamente frutífero parar para pensar como se limita ou se expande as potencialidades do ensinar em detrimento do gênero em que os seres sociais que se propõem a desempenhar esse papel se enquadram. Parabéns pela iniciativa e que ela possa florescer e ramificar de diversas formas.
    Rhayara Lira

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