RESUMO - IGUALDADE E RESPEITO: COMO A LITERATURA PODE CONTRIBUIR NAS DISCUSSÕES DE GÊNERO EM SALA DE AULA
Mariana de Almeida Inácio
marialmeida.letras@gmail.com
UERJ/FFP
Simone
Bacellar Moreir
simonetrales@yahoo.com.br
UERJ/FFP
Resumo
Este trabalho visa abordar a importância das discussões de gênero e sua relevância no
âmbito escolar. Além disso, o presente estudo pretende verificar o impacto positivo
desses diálogos no âmbito escolar. Por fim, tem, como objetivo, compreender como a
Literatura pode ajudar no desenvolvimento de tais discussões em sala de aula. Para
alcançar os resultados desejados, este trabalho, no intuito de compreender como a
Literatura pode auxiliar nas discussões de gênero, utilizará os postulados de alguns
teóricos. Serão utilizadas as teorias de Tzvetan Todorov, no que tange à importância do
uso da Literatura para discussões sociais e diálogos em sala de aula. Ainda no viés das
discussões em sala de aula, a obra de Paulo Freire será o principal ponto de partida no
que diz respeito aos temas e abordagens no âmbito escolar. Também serão
consideradas as obras de Roxane Rojo, no que se refere ao papel da escola no
processo de inclusão social e como essa relação é importante e eficaz. Ademais, será
considerado o artigo científico de Ritielli Pires da Silva que abordará, de maneira
objetiva, a importância das discussões de gênero no ambiente escolar. Dialogando com
tal abordagem, está a obra de Clecio Bunzen e Márcia Mendonça que reforça o aspecto
social da educação. Entretanto, este estudo não poderia ser plenamente efetivo,
principalmente considerando sua pretensão de aplicabilidade em sala de aula, se não
considerasse os documentos oficiais. Sendo assim, serão utilizados os PCNs e, de
acordo com as novas determinações, os postulados da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) Além de tais embasamentos teóricos, o presente estudo também
pretende trazer à luz as maneiras como as questões de gênero são apresentadas nos
documentos oficiais da educação no Brasil. Concomitantemente, abordará tais
discussões pela perspectiva das aulas de Literatura. Como forma de ilustrar e ampliar
sua dissertação, este trabalho visa, por fim, apresentar experiências de sala de aula
que utilizem os postulados aqui apresentados. Somado a isso, serão abordadas
propostas didáticas que abordem a temática de gênero nas aulas de Literatura
Ademais, o trabalho com os gêneros, masculino e feminino, e seus estereótipos
consolidados na sociedade, encontra diversas barreiras. A primeira delas, mais
específica para o estudo em questão, é a das barreiras para as discussões de
identidade de gênero em sala de aula. Algumas temáticas são grandes tabus nos
diálogos com alguns discentes e, dentre elas, certamente, estão as questões de gênero.
Sendo assim, uma abordagem sutil para tal temática nem sempre é fácil de ser
encontrada. Ainda nesse sentido, serão verificadas possíveis mudanças nos
documentos oficiais e nas grades curriculares que possam, eventualmente, interferir no
processo de aplicação das propostas que aqui serão apresentadas. Por fim, é preciso
que tanto o corpo discente quando o docente alcancem um esclarecimento sobre a
relevância das discussões que aqui serão apresentadas e sua importância no âmbito
escolar. Neste estudo, especificamente, no que diz respeito às questões de gênero, o
enfoque principal será a desigualdade entre os sexos, o machismo estrutural e todos os
desdobramentos sociais que tais questões podem causar. Além disso, este trabalho tem
a pretensão de compreender como a Literatura pode organizar esses aspectos e
dissolver tais tabus em sala de aula. Sendo assim, há o objetivo de identificar como
justificar tais debates, tendo como base os documentos oficiais de educação, que obras
podem ter maior contribuição para os diálogos de gênero e quais são as melhores
formas de organizar, estimular e desenvolver o debate em sala de aula. Resultados Ao
longo do estudo, foi desenvolvida uma proposta didática baseada na obra O Primo
Basílio, de Eça de Queiroz. Além disso, essa mesma proposta didática foi aplicada, em
sala de aula, em uma turma do Segundo Ano do Ensino Médio de uma Escola Estadual
no Rio de Janeiro. A partir das atividades desenvolvidas ao longo da sequência
didática, foi possível perceber o machismo enraizado dentro e fora dos muros da escola
e o quanto ele influência a visão de mundo dos adolescentes. Tal percepção foi possível
graças ao processo de escuta que iniciou todo o projeto. Apesar disso, a literatura
mostrou-se eficaz enquanto ferramenta de diálogo. Além disso, gerar os debates com
base em elementos ficcionais (como as personagens do romance) para, só então, partir
para elementos da vida real, revelou-se uma estratégia satisfatória, pois deu aos alunos
o distanciamento necessário para visualizar as situações com maior racionalidade.
Nesse sentido, as atividades iniciais desenvolvidas em sala de aula demonstraram que,
para alguns alunos, a abordagem machista da sociedade era considerada como a
correta. Para outros discentes, a sociedade patriarcal e misógina era vista com
naturalidade e conformismo, mesmo que gerasse certo desconforto. Em raras
exceções, havia desconforto e revolta diante de uma realidade de desigualdade entre
os gêneros. Ao longo das atividades, foi possível, primeiramente, ouvir todas as
opiniões. Por estarem os debates ligados a situações da vida de personagens
ficcionais, os alunos eram capazes de colocar suas opiniões com maior tranquilidade e
quase que sem pudor. Depois disso, foi interessante fazer a ponte entre a realidade
ficcional e a situação real da sociedade em que os discentes estão inseridos. A partir da
troca de perspectivas, desenvolvendo diversas formas de expressão (imagens, texto
escrito, debate, desenhos) e procurando sempre conscientizar a turma acerca das
consequências de uma sociedade misógina, foi possível provocar uma série de
reflexões e construir outras perspectivas.
Palavras-chave: Gênero. Igualdade. Literatura. Linguagens. Misoginia.
Parabéns Mariana de Almeida Inácio e Simone Bacellar Moreir, gostei muito da dinâmica que parte da literatura e da ficção para se chegar a questões relacionadas ao machismo, misoginia e, consequentemente, as desigualdades entre homens e mulheres. Nessa perspectiva, gostaria de saber se a partir dos diversos recursos apresentados, os/as estudantes realizaram a produção de um “produto final”, em que se sistematiza a reflexão provocada durante as aulas.
ResponderExcluir