RESUMO - A DIMENSÃO DE GÊNERO NA IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO REMOTO: PERSPECTIVAS (AUTO)BIOGRÁFICAS NO PERCURSO DE TRÊS PROFESSORES

Verônica Palmira Salme de Aragão
veronicasalme@uern.br

 

Daiany Ferreira Dantas

daianyd@gmail.com

 

Ana Luiza Bezerra da Costa Saraiva

anasaraiva@uern.br

 

 

Resumo 

O contexto pandêmico, de contaminação da COVID-19, gerou para uma parte da população, sobretudo as mulheres trabalhadoras, grande parte destas também mães e cuidadoras, o acúmulo de afazeres domésticos e cuidados de pessoas, além das atividades remuneradas. Na implementação do ensino remoto nas universidades brasileiras, o conceito de gênero surge, em documentos de estudo para a adaptação do modelo de aulas, como uma dimensão estruturante a ser considerada. Na literatura institucional recente (UFRJ, 2020) destacam que o ensino remoto possui um caráter de urgência e transitoriedade, e a sua implementação precisa levar em conta a desigualdade entre o seu corpo docente, discente e técnico-administrativo, para que seja preservada a qualidade desse trabalho e a integridade e direito desses sujeitos, muitos deles implicados em cuidados decorrentes das responsabilidades da maternidade e cuidado com pessoas idosas, condição que vulnerabilizou mais as mulheres no contexto pandêmico. Neste artigo, objetivamos analisar o processo de implementação do ensino remoto na UERN, a partir do exercício político de três professoras que reivindicaram a consideração da dimensão de gênero na validação da carga horária da aula remota. Para tanto, observamos as políticas de competências institucionais internas (CONSEPE, CONSAD e reuniões de departamentos), documentos institucionais conclusivos (Resolução 28/2020) e a constituição de uma carta de reivindicações partilhada entre a comunidade acadêmica. Como metodologia, além da pesquisa documental, nos valemos do método (auto)biográfico (NÓVOA, 1988), em três relatos de experiência, pontuando o processo de construção da carta e suas repercussões no contexto de discussão do ensino remoto na UERN, em agosto de 2020. Como resultados, destacamos a coleta de cem assinaturas de adesão, a leitura de trechos da carta no Consepe e as resistências de diversos setores institucionais à consideração do gênero como estruturante nas políticas públicas universitárias. Referências ASSOCIAÇÃO DE PÓS-GRADUANDOS/ UFRJ. Ninguém fica para trás: propostas e questões para debate sobre aulas remotas. APG/UFRJ, Rio de Janeiro: 2020. NÓVOA, António e FINGER, Matthias (Org.). O Método (auto) biográfico e a formação. Lisboa. Ministério da Saúde, 1988. “Por que as pessoas estão ficando cansadas após videoconferências?”, disponível em: https://super.abril.com.br/comportamento/por-que-as-pessoas-estao-ficando- cansadasapos-videoconferencias/ Cf. “How to Combat Zoom Fatigue”, disponível em: https://hbr.org/2020/04/how-to-combatzoom-fatigue. Acesso em 09/08/2020 “Pesquisadoras temem que pandemia acentue diferenças de gênero na ciência”, disponível em: http://www.faperj.br/?id=3982.2.1 49 Acesso em 09/08/2020 “Pesquisa feita por mulheres cai durante a pandemia e produção de homens aumenta”, disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2020/05/pesquisafeita-por- mulheres-cai-durante-pandemia-e-producao-de-homens-aumenta.html. Acesso em 09/08/2020 “Women academics seem to be submitting fewer papers during coronavirus. ‘Never seen anything like it,’ says one editor”, disponível em: https://www.thelily.com/womenacademics-seem-to-be-submitting-fewer-papers-during- coronavirus-never-seenanything-like-it-says-one-editor/ Acesso em 09/08/2020

Palavras-chave: Ensino remoto. Mulheres trabalhadoras. Universidade. Gênero

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