RESUMO - DAS FOLHAS AO CORPO: POSSIBILIDADES DE UM OLHAR PARA SI
Mônica de Freitas
Instituto Federal de Minas Gerais
Luciana Baêta da Silva
Instituto Federal de Minas Gerais
Heloísa de Souza Rocha
Instituto Federal de Minas Gerais
Paloma Fernanda Tavares
Instituto Federal de Minas Gerais
palomafernandastavares@gmail.com
Resumo
Compreendendo que o pessoal é político e que, portanto, as experiências individuais afetam e são afetadas por aquilo que acontece na esfera pública, o Coletivo Matricarias (coletivo formado por alunas do Ensino Médio Integrado) parte da realidade de um não-lugar destinado às mulheres em todas as esferas da sociedade, e mais especificamente no ambiente escolar, buscando ocupar e construir seu lugar, recusando a marginalização dos corpos e das opiniões, dos direitos e das demandas para dentro do espaço do IFMG – Campus Ouro Branco. Com a atuação do coletivo e com as reflexões do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidade (NEPGRES), percebemos a necessidade de reivindicar, via projeto de extensão, um espaço para a discussão da saúde das mulheres e das famílias. Assim, nasce o projeto de extensão Natureza Feminina: das folhas ao corpo, pelo qual buscamos por meio da interseccionalidade, entender as particularidades de cada mulher para compreender a luta em totalidade, em ações de resistências coletivas no enfrentamento ao sistema patriarcal-racista-capitalista, tendo o corpo como foco das discussões. A partir dessa experiência, este trabalho objetiva analisar as representações das mulheres em relação ao corpo como território de resistência em meio aos atravessamentos com os saberes tradicionais. Para tanto, buscamos analisar as rodas de conversa realizadas pelo projeto de extensão através da análise de conteúdo das falas transcritas das participantes. As rodas de conversa realizadas buscaram conhecer e difundir as práticas da ginecologia natural e autônoma na interlocução com os saberes tradicionais e com as práticas sobre o uso terapêutico das plantas medicinais. Os encontros tem sido oportunidade de encontro com outras, consigo mesma e com o próprio corpo. E é no encontro que se potencializa o entendimento do próprio corpo como território, e possibilidade de (r)existências. O projeto vem estabelecendo e fortalecendo elo entre o conhecimento dito popular e o científico na aproximação da academia e das mulheres das comunidades e instituições de ensino; mobilizando o conhecimento acerca dos saberes tradicionais e aproximando os campi do Instituto Federal de Minas Gerais das diversas comunidades da região.
Primeiramente, gostaria de parabenizá-les pelo trabalho! Minha questão é sobre quais foram as (re)construções perceptíveis realizadas pelas participantes das rodas de conversa do projeto de extensão?
ResponderExcluirObrigada! Durante as rodas de conversa discutimos sobre a ideia do corpo enquanto território que foi colonizado, seja pelo estado, pela religião, pela medicalização, pelas opressões que o atravessam. Nesse sentido, propomos construir coletivamente práticas com vistas a promover maior autonomia, percepção e autoconhecimento, por meio do uso de plantas, pela observação e atenção a si, pela escuta atenta e pela sensibilidade das nossas convidadas, pela troca de experiências e desconstrução de tabus. Essas rodas eram abertas ao público, não sendo fixas, mas compostas por participantes variades, de forma que partilhamos diferentes vivências, procurando entender os atravessamentos de cada pessoa. Assim, buscamos perceber o corpo como importante instrumento de transformação do mundo, retomando a posse desse território e procurando viver em mais harmonia e cuidado com ele.
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