RESUMO - A VIOLÊNCIA SEXUAL EM NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS: CORPO, MULHERES E CLASSE SOCIAL

Maria Regina Bezerra De Lima

Instituto Federal do Rio Grande do Norte

reginabezerra777@gmail.com

 

 

Resumo 

O referente trabalho tem como principal objetivo uma análise de notícias do jornal Diário de Natal, que mostrava relatos de violência contra a mulher nas décadas de 1950 e 60. As frequentes notícias sobre abuso e estupro revelavam, além do quantitativo de violência contra a mulher, as formas como era tratado o corpo feminino. Muitas vezes tratadas como “sexo frágil”, as notícias falavam da necessidade de proteção das mulheres. Outras vezes, falavam da necessidade do recato, dos perigos da rua e de andar desacompanhadas. As relações entre corpo e classe social também podem ser analisadas através dos jornais, principalmente quando ficavam evidentes a diferença no tratamento entre mulheres pobres e ricas. Nas páginas do jornal, os aspectos relativos à sexualidade feminina em meados do século XX eram atravessados por preconceitos, suspeitas e discursos sobre a honra da mulher. Mesmo os crimes de estupro, na lógica da dominação masculina e nos discursos construídos pela imprensa, não isentavam indistintamente todas as vítimas. Assim, é importante estudar as relações entre mulheres e lugares sociais, observando como a violência sexual (que afeta todas as mulheres, mesmo que indiretamente) é também definida por marcadores de classe. Para a realização desta pesquisa, foram realizadas leituras sobre gênero, história das mulheres e a importância dos jornais na circulação de discursos e na formação de opiniões. As edições do Diário de Natal foram consultadas on line, em números depositados na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. Escolheu-se abordar as notícias sobre a violência contra a mulher, filtrando as informações e organizando fichas. O estudo faz parte das atividades do projeto de pesquisa “Mulheres e Famílias na imprensa potiguar em meados do século XX: alteridades e (in)visibilidades”, que está em andamento no IFRN – Campus Canguaretama. Durante o percurso da pesquisa foi possível observar que as mulheres em condição de vulnerabilidade, com empregos informais ou no serviço doméstico, estavam ainda mais sujeitas a certo tipo de violência, percebendo-se os desafios das mulheres pobres diante dos cenários de dominação de seus trabalhos e de seus corpos. Espera-se debater sobre o direito ao corpo e sobre as desigualdades de gênero na história das mulheres.

Palavras-chave: Mulheres, domésticas, trabalho.

Comentários

  1. Com o vazamento do vídeo da audiência, no caso Mariana ferrer. Outras questões vinheram tona, entre elas a forma desrespeitosa e invasiva da qual a cultura Brasileira, seja na mídia ou fora dela costuma tratar as vítimas de assédios e abusos sexuais. Precisamos buscar cada vez mais respeito a todes e principalmente as vítimas.
    Trabalhos como esse, ajudar na quebrar das tentativas de manutenção de sistemas opressões do patriarcado.

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    Respostas
    1. Prezada Ana Cláudia, obrigada pelo comentário.

      Exatamente. Na história das mulheres fica evidente a tentativa de culpabilizar as vítimas com o objetivo de criar justificativas para o domínio masculino. É realmente importante encarar essas questões, problematizando o lugar da mulher na sociedade.

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