RESUMO - VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DO COVID-19: REFLEXÕES SOBRE A INTERSECCIONALIDADE E A VULNERABILIDADE DA MULHER NO ESTADO DO MARANHÃO

 

Angela Bárbara Lima Saldanha Rego

Instituto Federal do Maranhão

angela.saldanha@ifma.edu.br

 

Maria Emília Miranda Alvares

Centro Universitário Dom Bosco - UNDB /MA

maria.alvares@undb.edu.br

 

 

Resumo 

Este trabalho tem por objetivo discutir o impacto da pandemia do Coronavírus nos casos de violência contra a mulher no Estado do Maranhão. O contexto pandêmico vem provocando um grande impacto na saúde, no trabalho, na educação e nas relações humanas em uma escala mundial. As medidas de isolamento social, restrição de deslocamento e suspensão de atividades rotineiras, isto é, as mudanças impostas pela reorganização socioeconômica frente às ameaças de contaminação e morte, invariavelmente, impactam na saúde mental da população, resultando no aumento do estresse, no agravamento da convivência conflituosa e exposição a situações de violência. Como método de pesquisa, são analisados os dados apresentados a partir de reportagens veiculadas em portais de notícias, promovendo-se a interlocução de tais informações com a teoria do mandato de masculinidade da antropóloga argentina Rita Laura Segato e a teoria do racismo e sexismo na cultura brasileira, da antropóloga Lélia Gonzalez. Dessa forma, constata-se que as mulheres tiveram sua vulnerabilidade acentuada em diferentes graus, quando considerados os recortes de raça, classe, sexualidade e faixa etária. A pandemia traz, portanto, um acirramento de ânimos em todos os contextos da vida social, evidenciando a dinâmica dominado-dominador como uma das neuroses culturais da sociedade brasileira consubstanciadas no racismo e no sexismo, naturalizados pelo mito da democracia racial e pelo patriarcado, sistema autorizativo fértil ao aumento da violência de gênero, inclusive contra aqueles que, de qualquer forma, o desacatam. Por fim, a importância dessa reflexão repousa na necessidade de se trazer para o âmbito público o debate acerca dos crimes de gênero como pauta dos direitos humanos, contrariamente à crença de que se trata de um assunto de foro íntimo, compreendendo-se que a solução desses problemas, invariavelmente, perpassa a questão da interseccionalidade e, ao que tudo indica, não encontrará no Estado, da maneira como ele se configura, um ente disposto a promover mudanças efetivas no status quo, ainda que, formalmente, coloque à disposição das vítimas um aparato policial e jurídico com vistas à repressão da violência.

Palavras-chave: Pandemia. Violência de gênero. Racismo. Interseccionalidade. Patriarcado.


Comentários

  1. Excelente trabalho!!
    Vivemos em um aumento constante nos números de violências nesse âmbito. É necessário discutir a respeito, como método de buscar um ambiente menos hostil para todes.

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