RESUMO - PRÁTICAS EDUCATIVAS EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA: A HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO PRODUTO EDUCACIONAL

 

Robelania dos Santos Gemaque

Instituto Federal do Pará

robelania_gemaque@hotmail.com

 

Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti

Instituto Federal do Pará

natibarros1@yahoo.com.br 

 

 

Resumo 

Apresentamos resultado de prática educativa, sobre gênero e sexualidade no Ensino Médio Integrado, desenvolvida em colaboração com dez estudantes do 3º ano do Curso de Design de Interiores da Escola Estadual de Ensino Tecnológico Professor Francisco das Chagas Ribeiro de Azevedo. Vinculada à linha de pesquisa “Práticas Educativas em Educação Profissional e Tecnológica”, atende ao disposto no art. 17 do Regulamento do Programa de Pós - Graduação em Educação Profissional e Tecnológica – PROFEPT e teve como objetivo geral construir uma prática educativa sobre Gênero e Sexualidade no Ensino Médio Integrado. Para tanto, nos orientamos de acordo com os seguintes objetivos específicos: a) investigar as narrativas proferidas no Ensino Médio Integrado e seus efeitos sobre os estudantes LGBTI+; b) pautar a temática gênero e sexualidade entre os jovens da EETEPA; c) produzir uma história em quadrinhos sobre gênero, sexualidade e trabalho a partir das discussões e narrativas dos estudantes. Metodologicamente, adotamos a pesquisa-participante caracterizada pelo envolvimento entre a professora - pesquisadora e os estudantes em um projeto comum de investigação, e educação produzido dentro da ação. Os procedimentos foram organizados em três momentos: Problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento, este movimento culminou na materialização da história em quadrinho. Os resultados da prática educativa, apontaram para o interesse dos estudantes na discussão dos temas, principalmente por se verem nesta discussão. A escola continua silenciando práticas educativas sobre as temáticas, e regulando através de normatizações nos documentos – Projeto Político Pedagógico – o comportamento dos estudantes, com base na matriz heterossexual. Há o reconhecimento por parte dos professores para a importância do debate sobre gênero e sexualidade, entretanto, não assumem o desenvolvimento destas práticas, tornando-se pontuais no cotidiano da escola. Além disso, todos os professores participantes da pesquisa, apresentaram narrativas que caracterizam homofobia no espaço da unidade educacional, contudo, tratam o evento como “brincadeira”, por parte de quem exerce a prática. Concluímos que a escola funciona como uma “escola-armário”, em que estudantes LGBTI+ ao entrar, devem despir –se de sua orientação sexual e tornar-se um igual a partir de uma base heteronormativa, lhe sendo permitido vestir-se conforme sua orientação sexual somente “fora” da escola. Sinalizamos para a importância de pensarmos nas intersecionalidades para a concepção de formação humana integral, tendo em vista a superação tanto das desigualdades econômicas quanto das desigualdades socioculturais, e para a formação de professores sobre os temas gênero e sexualidade para tornar possível uma formação humana integral com base no reconhecimento do direito a todas as diversidades.

Palavras-chave: Práticas Educativas. Gênero. Sexualidade. Educação Profissional e Tecnológica.

Comentários

  1. Parabéns Robelania dos Santos Gemaque e Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti, por esse trabalho tão relevante. Vocês revelam como a prática educativa, constituída pela temática e os quadrinhos, reaviva o interesse das estudantes a partir da identificação com os temas. Nesse sentido, sinalizam para uma reflexão que integre desigualdades econômicas e socioculturais, para a constituição de uma formação humana integral e, também, apontam para a importância da formação de professoras nessas temáticas. Tem se sobressaído, nas pesquisas que tenho acompanhado, o discurso da lgbtfobia como “brincadeiras”, presente também nos resultados da pesquisa de vocês. Tal prática mascara a violência proferida e atribui a pessoa que sofreu a violência a culpa, à medida em que não “soube levar na brincadeira”. Acredito que esse discurso que traz a lgbtfobia nas brincadeiras pode ser equiparado ao que ocorre com o que Adilson Moreira chama de racismo recreativo, muito utilizada no Brasil, que configura uma política cultural que se utiliza do humor para menosprezar, hostilizar e inferiorizar grupos raciais. Se puderem comentar sobre esse tema, agradeço.

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    Respostas
    1. Obrigada professora Tatiele. Sim, os professores responderam a um formlário enviado pelo google forms, e questionados sobre terem presenciado algum tipo de preconceito ou discriminação no cotidiano da escola qe estivesse relacionada à sexualidade, todos responderam não. Entretanto, ao cruzarmos os dados das respostas fechadas e respostas e abertas encontramos narrativas de brincadeiras que caracterizamos como lgbtfóbicas. Ou seja, permanece no imaginário coletivo a ideia que brincadeiras com pessoas lésbicas, gays, trans, não são ofensivas. Minimizam essa prática tratando como brincadeiras e assim, não combatem a LGBTfobia e uma vez que não refletem e nem discutem essas práticas, e silenciam a violência que acomete quem é vítima das "brincadeiras". Esse comportamento acaba estimulando a invisibilidade de pessoas LGBTI+ no cotidiano escolar, e a permanência no armário, o que caracteriza a negação do direito de ser e existir de acordo com a sua orientação sexual.

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