RESUMO - POLÍTICAS COLONIAIS E VULNERABILIDADES DOS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS NO ENFRENTAMENTO A COVID 19
Autores(as)
Valquiria Farias Bezerra Barbosa - valquiria@pesqueira.ifpe.edu.br (Instituto Federal de
Pernambuco Campus Pesqueira);
Sandra Noemi Cucurullo de Caponi - sandracaponi@gmail.com (Universidade Federal de Santa Catarina)
Mayara Inês
Feitoza dos Santos Xukuru - mayaraines0@gmail.com (Instituto Federal de Pernambuco
Campus Pesqueira)
Pedro Camilo Calado da Silva - pedrocamilocalado@gmail.com (Instituto Federal de Pernambuco Campus Pesqueira).
Resumo
Objetivo: Discutir as condições de produção de vulnerabilidade dos povos indígenas no
Brasil no enfrentamento da COVID-19. Metodologia: Inicia-se essa reflexão teórica com
uma visão geral dos processos de negação de direitos que se intensificaram no governo
Bolsonaro. Por fim, discute-se a vulnerabilização dos indígenas no enfrentamento da
COVID-19. Resultados: Para os indígenas, o direito de habitar a “Mãe Terra” garante
que suas cosmologias, cosmovisões e sabedorias possam ser preservadas e
contribuam para a superação da crise civilizatória ocidental. Desde o início do governo
Bolsonaro foi ampliado o desmatamento e as queimadas da floresta amazônica e do
pantanal, sem que houvesse uma pronta ação governamental; proliferaram-se invasões
e crimes cometidos por madeireiros, garimpeiros e grileiros em Terras Indígenas (TI),
assassinatos e criminalização de lideranças, assim como estagnaram processos de
demarcação de TI. A Medida Provisória 910 que legaliza a grilagem e expõe os
indígenas ao risco de contaminação pelo novo coronavírus e o Projeto de Lei 191, que
pretende abrir TI à exploração de recursos naturais contrariam o direito originário sobre
suas terras legitimado no artigo 231 da Carta Magna de 1988. Desde o mês de março,
as autoridades sanitárias e indigenistas alertaram o governo federal sobre a inexistência
de medidas de combate ao avanço da contaminação em territórios tradicionais nos
planos de contingência. No mês de maio, constatou-se a entrada do vírus em
comunidades tradicionais do norte ao sul do país, resultando na morte de muitos
indígenas, grandes lideranças e detentores de conhecimento tradicional. Em
consequência, os indígenas foram expostos a condições ampliadas de vulnerabilidade e
desigualdade social, a negação da equidade no acesso aos sistemas de saúde e a
informações, às medidas preventivas e de proteção social, entre outros. O
aprofundamento das condições de vulnerabilidade dos povos indígenas no
enfrentamento à COVID-19 revelou que os corpos indígenas são sempre, em conjunto
aos corpos racializados e sexualizados, os mais vulneráveis à epidemia, pois são
corpos permanentemente vulneráveis por suas condições de vida social e policamente
impostas e pela discriminação a que são historicamente sujeitos. Estão mais expostos à
propagação do vírus e se encontram onde os cuidados de saúde têm dificuldade de
chegar, executam tarefas que envolvem mais riscos, em condições de vida e laborais
que não lhes asseguram a possibilidade de proteção. Conclusão: As múltiplas
vulnerabilidades relacionadas aos contextos socio históricos e culturais dos povos
originários, no Brasil, são aprofundadas por um colonialismo persistente e autoritário. O
estudo contribui para a compreensão das implicações da ausência de condições
eqüitativas de proteção contra o coronavírus para a alta mortalidade de indígenas por
COVID-19 no Brasil.
Palavras-chave: Saúde de Populações Indígenas; Vulnerabilidade em Saúde; Povos Indígenas;
Colonialismo; Coronavírus.
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