RESUMO - IDEOLOGIA DE GÊNERO PARA QUEM ESTUDA GÊNERO: UMA DISCIPLINA GÊNERO E MÍDIA COMO PARTE DO CURRÍCULO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Daiany Ferreira Dantas

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

daianydantas@uern.br

 

 

Resumo 

Num contexto midiático permeado pela disseminação de notícias falsas e da dissimulação política do conceito de gênero por parte de autoridades estrategicamente preocupadas em descontextualizas as matrizes deste campo de estudo, ministrar uma disciplina como Gênero e mídia constitui importância ética e humanística para os cursos de Comunicação Social. Sabendo disto, o curso de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte aprovou em seu Projeto Político Pedagógico do curso de Jornalismo, instituído em 2017, a disciplina de Comunicação e Gênero como optativa da grade. Ofertada no semestre remoto de 2020.1 pela primeira vez, em função de acordos aludindo a excepcionalidade do semestre, a disciplina, ministrada pela professora Daiany Ferreira Dantas, tem como ementa fixa: “Os estudos de gênero na Comunicação, histórico e tendências. Gênero, Cultura das mídias, consumo. Representações de Gênero nas mídias” (UERN, 2017). E foi apresentada no referido semestre sob os seguintes objetivos: “Geral: Compreender gênero como um elemento estruturante do pensamento crítico ocidental (tal como raça, classe e colonialismo) e o modo como suas construções incidem na narrativa do pensamento comunicacional. Específicos: Reconhecer a distinção entre sexo e gênero, o gênero binário e o conceito de gênero como construção histórica; Analisar a relação entre gênero e demais elementos estruturantes da sociedade: raça, classe e colonialismo; Reconhecer o papel da mídia como tecnologia crítica de poder, controle e resistência das expressões de gênero. As atividades do curso sendo realizadas no período letivo de outubro a dezembro, contemplando aulas síncronas e atividades assíncronas. No presente artigo, realizamos pesquisa bibliográfica e documental do referencial político e institucional e teórico da disciplina, sua estruturação, apresentação e sua proposta didática, com a análise do conteúdo de duas atividades: a construção de poemas sobre o texto Manifesto de Paul Preciado e a realização de dois Podcasts sobre o tema violência de gênero e mídia. Como resultados tivemos a apropriação dos conceitos atrelados à experiências de vida e dois produtos pautados na crítica da mídia.

Palavras-chave: Gênero e mídia. currículo. Comunicação Social.

Comentários

  1. Parabéns professora Daiany pela proposta da disciplina no curso de Jornalismo.
    Penso que considerando o contexto político atual, de ameaça aos profissionais que desenvolvem estudos e trabalham com os temas gênero e sexualidade, um trabalho que apresenta a inserção de uma disciplina que discuta o assunto na formação de profissionais responsáveis pela informação, traz importante contribuição para combater notícias falsas sobre os temas e revelar o contexto do surgimento da construção sobre a ideologia de gênero e como ela influencia o pensamento social brasileiro no preconceito e discriminação contra pessoas LGBTI+.
    Como foi construída a ideia da disciplina e a adesão dos estudantes considerando que foi ofertada de maneira optativa?

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    1. A disciplina passou a integrar, com o caráter de optativa, ou seja, a ser cursada na condição de manifestação de demanda estudantil e disponibilidade docente em oferta especial aos alunos e alunas que cursam a partir do sexto período de comunicação. Passou a integrar o currículo do novo curso, que segue as diretrizes curriculares de jornalismo, aprovada em 2017, num projeto político pedagógico que visava contemplar debates com recorte social, vinculados aos pressupostos dos códigos de ética dos profissionais da comunicação.
      Seis estudantes se matricularam. Havia demanda de alunos e alunas dos cursos de publicidade e Rádio, TV e Internet, que, junto ao CA, solicitaram que a optativa fosse incorporada à grade de seus cursos, a ser paga em semestres futuros.
      Construí a ementa da disciplina com base em minha trajetória política e profissional, mas também com pesquisa em ementas de cursos cujo recorte fosse mídia e gênero.

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  2. Iniciativa necessária aos diversos cursos superiores, e também à educação básica. Gostaria de saber como foi a recepção da/os discentes em relação à oferta e participação da disciplina ?

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  3. Parabéns professora Daiany Dantas pelo trabalho. Gostaria de saber se foi possível identificar quem são as/os estudantes que escolheram a disciplina, quanto à identidade de gênero, sexualidade, classe e raça. Como foi o engajamento dessas e desses estudantes? Também gostaria de saber qual a percepção da professora no processo de desenvolvimento dessa disciplina, que precisou ser realizada, a partir do ensino remoto, diante do contexto de pandemia.

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    1. Seis alunos e alunas, todos do curso de Comunicação Social da UERN, com idades entre 19 e 28 anos. Todos cisnormativos. Alguns indicando orientação sexual homoafetiva. Uma aluna negra. O engajamento da turma, considerando também a reduzida quantidade de estudantes nesta primeira iniciativa - seis é o número mínimo para a manutenção da oferta - foi intensa e constante, ocupando grande parte dos debates e assumindo o compromisso contínuo em leituras e audiência dos materiais recomendados. Esta disciplina, que ainda está em curso, poderia resumir com as palavras de minha aluna Anna Nívea, uma jovem negra com grande poder de escrita: não foi apenas uma disciplina, mas reparação histórica. Tivemos tanto o investimento no reconhecimento da epistemologia de gênero contemporânea, termos e analogias, quanto no debate mais aprofundado sobre a imbricação estrutural entre gênero, raça e classe, tendo a mídia como uma tecnologia biopolítica que media essas desigualdades e diferenças.

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