RESUMO - DA LAGARTA À BORBOLETA: SOBRE A CENA “TRANSFOBIA” DO ESPETÁCULO FRAGMENTOS DA DOR, ENCENADO PELO GRUPO ANDALUZ DE TEATRO DO IFRN/MO E A (DES)CONSTRUÇÃO DO SUJEITO TRANS

Maria Luiza Soares Lopes

Instituto Federal do Rio Grande do Norte

marialuizalopes@gmail.com

 

Francisco Vieira da Silva

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

francisco.vieiras@ufersa.edu.br

 

Simone Maria da Rocha

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

simone.rocha@ufersa.edu.br

 

 

Resumo 

Considerando as inquietações surgidas durante o processo de montagem do espetáculo Fragmentos da Dor, com o Grupo Andaluz de Teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) Campus Mossoró, o presente artigo aborda a importância das discussões sobre gênero e sexualidade no contexto escolar. A pesquisa, caracterizada como de campo, parte da análise do diário de bordo da primeira autora do capítulo e diretora do espetáculo, do texto final do Fragmentos da Dor e de uma entrevista realizada com a estudante/atriz que protagonizou a cena, Sophia Victória Santos. Percebemos que a experiência nessa atividade extracurricular foi fundamental para que a discente pudesse compreender questionamentos referentes à sua identidade de gênero e sexualidade. Pensamos que a experiência da transexualidade é múltipla e que o processo de construção dos sujeitos, especialmente crianças e jovens, segue processos bastante singulares de descobertas, medos e conflitos. No estudo em questão, a arte teatral foi o elemento propulsor para que a atriz Sophia Victória, discente do IFRN, pudesse evidenciar a sua condição de acordo com os mecanismos que a arte proporciona. Ao analisarmos a cena Transfobia e as vivências de Sophia, colocamos em evidência a constituição do sujeito a partir de um processo no qual este se volta para si mesmo, com o intuito de produzir uma verdade sobre si, tendo em vista as dissidências sexuais que o assinalam. Por meio da arte teatral, essas vivências vêm à tona com todas as cores possíveis e tons inimagináveis, desafiando, assim, os binarismos de gênero e as normas regulatórias da cisgeneridade.

Palavras-chave: Gênero e sexualidade. Teatro. Educação profissional.

Comentários

  1. Trabalho lindo!!!!
    A realização de práticas educativas que possibilitam o exercício de pensar gênero e sexualidade a partir das experiências e vivências das/os estudantes, ao mesmo tempo em que é desafiador, o processo de construção e desenvolvimento da prática é lindo e prazeroso uma vez que permite que todos se vejam e questionem sua identidade de gênero e se descubram neste processo. As expressões artísticas como recurso pedagógico para o desenvolvimento destas atividades cumpre bem esse papel, e facilita por estabelecer um diálogo entre todos os envolvidos na construção da prática. Amei seu trabalho.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada! A montagem desse espetáculo exigiu um exaustivo trabalho de preparação dos/as artistas/discentes e também da professora que conduziu o processo. O nossa maior preocupação era que o processo nos permitisse vivenciar experiências nossas e experiências outras pra que juntos/as construíssemos a melhor maneira de contar as nossas histórias, aquilo que queríamos dizer ao mundo. Foram anos muito marcantes na vida de todos/as nós. Até hoje sentimos as reverberações desse processo em nossas vidas.

      Excluir
  2. Parabéns Maria Luiza Soares Lopes, Francisco Vieira da Silva e Simone Maria da Rocha! Pensando nesse poder transformador da arte, gostaria de saber para qual público a peça foi apresentada e se foi possível verificar reflexões em outros grupos, caso esses tenham participado, como professoras e professores e pais e mães de estudantes. Faço essa pergunta, pois, em muitos casos, a lgbtfobia inicia-se no ambiente familiar e se estende nas instituições escolares, e, ao ver essa potência da arte, surgiu a questão: como o poder da arte poderia contribuir para a reflexão das famílias das/dos estudantes LGBTI+?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada! Sim, o trabalho foi apresentado a públicos bem diversos, desde estudantes do campus Mossoró e do campus Natal Cidade Alta, a professores/as de diversos campi do IFRN, até estudantes da UFRN e público da própria cidade de Mossoró, nas apresentações que fizemos externas à instituição. Eu costumo dizer que o processo de recepção do público em relação ao espetáculo certamente daria um excelente novo artigo. Mas em linhas gerais, vivenciamos um processo de desconstrução que surgiu de dentro pra fora. A heterocisnormatividade que a gente pensava que só existia no/a outro/a, estava, antes de tudo, em nós. O processo de desconstrução com as famílias, o corpo docente, discente e com o público em geral partiu da desconstrução dos nossos próprios preconceitos. Dos maiores aos menores. Não foi um processo fácil. Não tem sido. E pelo visto está longe de ser finalizado...

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

CONFIRA OS RESUMOS DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 6: "MUNDO DO TRABALHO, EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E IDENTIDADE DE GÊNERO"

RESUMO - EMPREGADAS DOMÉSTICAS NAS PÁGINAS DE UM JORNAL POTIGUAR: UMA HISTÓRIA DA SUSPEIÇÃO

RESUMO - O “OLHAR” DE FUTURAS PROFESSORAS E PROFESSORES EM EXERCÍCIO SOBRE A DOCÊNCIA DE HOMENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL