RESUMO - CORPOS AMERÍNDIOS: (TRANS)FORMAÇÕES HUMANAS, ALIANÇAS, E (R)EXISTÊNCIA
Autores(as)
Jimy Davison Emídio Cavalcanti - jimy.davison@ead.ifpe.edu.br (IFPE)
Resumo
Os povos indígenas das terras que foram nomeadas América têm existido há mais de
quinhentos anos em resistência às devastadoras intrusões de povos europeus, em suas
faces religiosa, econômica, epistemológica [e] política. Por meio de diversas práticas
enraizadas em seus pensamentos, que, em diversos aspectos, distinguem-se do
pensamento ocidental (VIVEIROS DE CASTRO, 2018), têm podido defender seus
mundos, recusando-se a se submeterem a uma lógica que devora tudo, terra, pedras,
árvores, gentes, e fortalecer seus modos de vida. Os ameríndios têm, portanto, um
potencial com o qual podemos fazer alianças para rexistirmos em tantas outras lutas
que se foram configurando ao longo do período que se sucede à intrusão das “gentes
da mercadoria” nestas terras (KOPENAWA; ALBERT, 2015). Lutas que precisam serem
travadas inclusive no campo da “formação humana”, onde o racismo, enquanto uma das
faces do poder colonizador, habita, caça, captura, e devora o Ouro (GALLO, 2014):
indígenas, mulheres, negros e negras, pessoas com deficiência, pessoas LGBTIA+,
para citar alguns. Diante desse potencial selvagem de aliança, o presente ensaio
inscreve-se em mundos indígenas, com o objetivo de apontar contribuições do
pensamento ameríndio para pensar a (trans)formação humana com as lutas de
coletivos minoritários, dando ouvidos a lições vindas dos povos das florestas. Toma o
conceito ameríndio de corpo, no multinaturalismo perspectivista do antropólogo
americanista Eduardo Viveiros de Castro (2018), como perspectiva a partir da qual olhar
e discutir narrativas míticas e práticas do povo Yanomami, evidenciando a potência de
transformação dos corpos que se potencializa nos encontros entre agentes cósmicos
heterogêneos. Metodologicamente, o trabalho conduz-se como um gesto ensaísta
especulativo, de modo a não pretender estabelecer soluções, mas apenas por em
movimento um pensar com o outro. Do ponto de vista do corpo ameríndio, pode-se ver
a aliança entre heterogêneos como modo de rexistência frente a forças de captura e
devoração do Outro. Aliança como um modo de compor com a alteridade, que, como
nos ensinam os ameríndios, não se restringe a uma diversidade de pessoas nos limites
do conceito moderno de Humano. Ela implica uma heterogeneidade que inclui outras
tantas humanidades, agentes sociais cósmicos, como os xapiri, e assim dá a
possibilidade de pensar em (trans)formações humanas.
Palavras-chave: Corpo ameríndio; Aliança entre heterogêneos; Formação humana; Yanomami;
Transformações.
Excelente trabalho!
ResponderExcluirOferece uma reflexão necessária, sobre aquilo que foi posto como natural.
Muito interessante essa proposta de reflexão e alianças, pois podemos pensar em maneiras de resgatar, valorizar e fortalecer essas alianças, principalmente, nesse momento em que as tecnologias digitais proporcionam aproximações
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