RESUMO - CONFISSÕES DE ADOLESCENTE: UMA PROPOSTA DE (DES)CONSTRUÇÃO DE FEMINILIDADES NA ESCOLA, EM MEIO À PANDEMIA
Lyzia Toscano da Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Vanessa Soares Matos–
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Ivan Amaro
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resumo
Este trabalho focaliza a reflexão sobre uma proposta interdisciplinar de intervenção pedagógica, em curso, que vem se realizando durante a pandemia, no 8º ano da EMOC Nelson Prudêncio. O objetivo é questionar possíveis construções sócio-discursivas modelares e performativas dos alunos sobre o que significa, hoje, ser mulher, construções essas que, por vezes, fomentam preconceitos e diversos tipos de violência no espaço escolar. Partimos de dois problemas: somos professoras em uma escola olímpica, vocacionada para o esporte, e ouvíamos discursos excludentes e machistas em relação ao universo feminino do local. Se ainda hoje as mulheres lutam por espaços oficiais no esporte, na escola, o contexto não é diferente, apesar de sermos ampla maioria em exercício na docência. Com a suspensão das aulas presenciais, o modo remoto foi a alternativa. Percebemos ser necessária uma ação mais lúdica, pois os nossos materiais enviados não mais geravam retornos. O trabalho nasce de leituras/discussões no NuDES/UERJ (Núcleo de Estudos e Pesquisas Diferença, Educação, Gênero e Sexualidades). Entrelaçando assuntos de Ciências (noções de puberdade) e de Língua Portuguesa (noções de gêneros discursivos) o trabalho traz, como mote, partes da série Confissões de Adolescente (1994) de Daniel Filho, e atualizadas com o filme (2014). O objetivo geral é incitar, por meio de perguntas desafiadoras, o engajamento discursivo dos alunos, que, por espelhamento sugerido pelo título da série, falariam de suas vivências/opiniões mais íntimas, (re)significando experiências e (re)pensando o processo de subjetivação, a partir da comparação de duas diferentes expressões de feminilidade: as irmãs Natália (16 anos) e Carol (13 anos). Elas fazem escolhas que geram díspares consequências para o mundo social. Questionando essas escolhas e consequências, a intenção era despertar a consciência crítica dos alunos, convidando-os a (re)pensar visões acerca das feminilidades. Numa perspectiva de ação-reflexão-ação da Pesquisa-ação, criamos um grupo de Whatsapp e utilizamos as mensagens printadas como corpus de análise. Para enfrentar a pesquisa hitórico-cultural na cibercultura, adotamos Couto Junior; Oswald; Ferreira (2017) e para as questões de sexualidade e gênero, que, emergem, principalmente,das confissões/autoconsciências (Bakhtin, 2010), adotamos Butler (2015), Louro (2013; 2014) e Foucault (1996; 2017).Como resultados: resgatamos a participação de alunos ausentes; conseguimos engajamentos discursivos com opiniões mais fundamentadas; as certezas dos alunos acerca do universo feminino deram lugar às negociações de sentidos com os colegas; criamos um espaço de confiança, com confissões inclusive dos professores, o que horizontalizou a abordagem e incentivou os alunos a falar de si.
Boa tarde!!
ResponderExcluirO trabalho apresenta muitas similaridades com o trabalho que desenvolvi no mestrado, cujo um dos resultados foi uma história em quadrinho sobre gênero e sexualidade no ensino médio integrado como produto educacional. Realizei o trabalho em uma escola estadual na trilha da pesquisa-ação e também como recurso dialógico utilizamos um grupo no whatsapp. Não tive a ideia de utilizar as discussões no grupo como material de análise. Parabéns pela originalidade. Também percebi que a atividade de produção de uma história em quadrinho foi bem aceita pelos 10 estudantes que participaram da atividade e com isso sei que posso replicar com outros estudantes na minhas aulas.
Parabéns Lyzia Toscano da Silva, Vanessa Soares Matos e Ivan Amaro pelo trabalho.Evidencia-se inovação na prática pedagógica, em que o recurso do filme, associado a um tema interdisciplinar permite a aproximação entre professoras e alunas e quanto à metodologia, ao realizar a pesquisa ação a partir do uso do whatsapp, para a coleta de dados. Os resultados são positivos ao tratar desde o aumento da participação até a maior aproximação e confiança entre estudantes e professoras e professores. Nesse sentido, gostaria de saber se o desenvolvimento das atividades se desdobrou em outras demandas, em que as/os estudantes trataram de temas como assédio ou preconceito no ambiente escolar? Também gostaria de saber como foi o processo de construção dessa prática de ensino, em meio a pandemia, e se, a integração dos temas entre professoras e professores das disciplinas serão replicados mesmo em um período pós pandemia?
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